Guia de estudos: Bronquiolite viral aguda

A bronquiolite viral aguda é uma condição respiratória comum em crianças pequenas, especialmente durante os meses mais frios. Esse guia de estudos oferece uma visão completa sobre a doença, incluindo seus sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção. Contudo, é frequentemente causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que atinge os bronquíolos — pequenas vias aéreas dos pulmões — e pode causar dificuldades respiratórias graves. Portanto, entender os aspectos clínicos e o manejo adequado dessa condição é essencial para profissionais da saúde.

O que é a bronquiolite viral aguda

A bronquiolite viral aguda é uma infecção dos pulmões e das vias respiratórias inferiores, que é mais prevalente em crianças com menos de dois anos de idade. Ela é mais comum durante os meses de outono e inverno e é predominantemente causada por vírus. O vírus sincicial respiratório (VSR) é o principal agente causador, responsável por cerca de 50% a 80% dos casos. Além do VSR, outros vírus como o influenza, parainfluenza, adenovírus e metapneumovírus também podem estar envolvidos.

Portanto, o que ocorre no quadro clínico é a inflamação dos bronquíolos, levando ao estreitamento das vias aéreas e, em alguns casos, obstrução devido ao acúmulo de muco. Isso torna a respiração mais difícil, resultando em tosse, dificuldade para respirar e outros sinais de insuficiência respiratória.

Sintomas e diagnóstico

Os sintomas da bronquiolite viral aguda começam geralmente como um resfriado comum, com coriza e febre baixa. No entanto, à medida que o vírus se espalha para as vias respiratórias inferiores, os sintomas podem se intensificar e incluir:

  • Tosse persistente e frequente (geralmente seca);

  • Dificuldade para respirar, com respiração rápida e esforço para expandir o tórax;

  • Retração intercostal (movimento da pele entre as costelas devido ao esforço respiratório);

  • Chiado no peito ou respiração ruidosa;

  • Sinal de cianose, com lábios e extremidades das mãos e pés ficando azuis devido à baixa oxigenação;

  • Irritabilidade e cansaço excessivo, muitas vezes acompanhado de dificuldades para se alimentar, devido ao cansaço causado pela respiração acelerada.

Em casos graves, a bronquiolite pode levar a uma insuficiência respiratória aguda, onde a criança apresenta falta de ar grave, dificuldade em respirar até mesmo em repouso, e necessidade de suporte ventilatório.

Abordagem diagnóstica

O diagnóstico de bronquiolite viral aguda é essencialmente clínico, baseado nos sintomas descritos. Além disso, exames laboratoriais e de imagem podem ser utilizados em alguns casos, principalmente quando o quadro clínico não é claro ou há complicações:

  • Teste rápido de antígeno viral: utilizado para identificar o agente infeccioso (geralmente o VSR).

  • Radiografia de tórax: pode ser indicada para avaliar complicações ou confirmar o diagnóstico, embora nem sempre seja necessária.

  • Oximetria de pulso: para monitorar a saturação de oxigênio no sangue, uma vez que crianças com bronquiolite podem ter níveis baixos de oxigênio.

Tratamento da bronquiolite viral aguda

O tratamento da bronquiolite viral aguda é, em sua maioria, suporte e tratamento sintomático, uma vez que a causa da infecção é viral. Não existem medicamentos antivirais amplamente utilizados para tratar a bronquiolite, e os antibióticos não têm efeito sobre infecções virais. O objetivo é aliviar os sintomas e manter a criança confortável.

Medidas de suporte

  • Hidratação: garantir que a criança esteja adequadamente hidratada é fundamental, pois a dificuldade para respirar pode interferir na alimentação. O leite materno é o melhor alimento, mas, em casos de desidratação severa, a hidratação intravenosa pode ser necessária.

  • Oxigenoterapia: em casos de desoxigenação (níveis baixos de oxigênio no sangue), a criança pode precisar de oxigênio suplementar. A oxigenoterapia pode ser administrada por meio de máscara ou cânula nasal, dependendo da gravidade do quadro.

  • Nebulização: medicamentos broncodilatadores podem ser usados em alguns casos para aliviar o estreitamento das vias respiratórias e facilitar a respiração, embora seu uso seja controverso e dependente da severidade do quadro.

  • Aspiradores nasais: em crianças pequenas, a remoção de secreções nasais pode ajudar a melhorar a respiração. O uso de soro fisiológico e aspiradores nasais é uma estratégia simples e eficaz.

Cuidados em casa

Na maioria dos casos, o tratamento pode ser realizado em casa com monitoramento cuidadoso. Os pais ou cuidadores devem ser orientados a:

  • Manter o ambiente umidificado: o uso de um umidificador pode ajudar a aliviar a congestão nasal.

  • Monitorar a respiração: observar qualquer sinal de agravamento, como aumento da frequência respiratória ou dificuldade extrema para respirar, requer uma consulta médica imediata.

  • Manter a criança em posição semi-ereta: isso pode aliviar a dificuldade respiratória.

Quando procurar atendimento médico

Embora a maioria dos casos de bronquiolite melhore com cuidados domiciliares, existem sinais de alerta que indicam a necessidade de atendimento médico imediato:

  • Dificuldade respiratória grave (dificuldade para respirar mesmo em repouso ou apneia);

  • Saturação de oxigênio abaixo de 92% (confirmado por oxímetro);

  • Cianose (coloração azulada da pele ou lábios);

  • Recusa alimentar ou incapacidade de mamar;

  • Letargia ou sonolência excessiva.

Em casos mais graves, pode ser necessário o internamento para monitoramento intensivo, oxigenoterapia e até ventilação mecânica, caso a insuficiência respiratória se agrave.

Prevenção da bronquiolite viral aguda

A prevenção da bronquiolite viral aguda baseia-se principalmente na redução da exposição ao vírus, especialmente em ambientes fechados e durante surtos de VSR. Algumas medidas preventivas incluem:

  • Higiene das mãos: lavar as mãos com frequência é uma das maneiras mais eficazes de evitar a propagação do vírus.

  • Evitar aglomerações: em períodos de surtos de bronquiolite, é importante limitar o contato de crianças pequenas com pessoas doentes.

  • Vacinação: embora a vacina contra o VSR ainda não esteja disponível, a vacinação contra outras infecções respiratórias, como a gripe, pode reduzir o risco de complicações respiratórias.

  • Isolamento de pessoas doentes: evitar que pessoas com sintomas de resfriado ou gripe entrem em contato com crianças pequenas, especialmente aquelas com fatores de risco como prematuridade.

Conclusão

A bronquiolite viral aguda é uma condição comum, mas potencialmente grave, que afeta principalmente crianças pequenas. O diagnóstico é feito com base nos sintomas clínicos, e o tratamento é principalmente de suporte, focando na hidratação, oxigenação e alívio das vias respiratórias. A grande maioria das crianças se recupera com tratamento adequado e cuidados domiciliares, mas é importante que os pais e profissionais da saúde estejam atentos aos sinais de alerta para garantir uma intervenção precoce quando necessário.

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