Em 2024, o Brasil enfrentou a maior epidemia de dengue já registrada. De acordo com dados do Ministério da Saúde, foram contabilizados mais de 6,6 milhões de casos prováveis e 6.041 mortes confirmadas ao longo do ano. Surpreendentemente, esses números superaram até mesmo os óbitos por COVID-19 no mesmo período, evidenciando a gravidade do surto. Entre os estados mais atingidos, Minas Gerais se destacou negativamente, com mais de 1,1 milhão de casos e 288 mortes — um recorde histórico alarmante.
Minas Gerais em estado de alerta diante da dengue
Minas Gerais vivenciou um dos piores cenários desde o início da vigilância da dengue. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, o estado superou o recorde anterior de 281 óbitos, registrado em 2016, atingindo 288 mortes confirmadas em 2024. Além disso, 730 outros casos fatais ainda estavam sob investigação até abril, o que pode elevar ainda mais essa estatística.
Vários fatores contribuíram para essa escalada preocupante. Em primeiro lugar, as chuvas intensas e irregulares criaram condições ideais para o acúmulo de água em recipientes e áreas urbanas mal estruturadas. Em segundo lugar, as altas temperaturas médias favoreceram a reprodução acelerada do mosquito Aedes aegypti. Além disso, o crescimento desordenado das cidades e a falta de ações preventivas consistentes ajudaram a transformar o ambiente urbano em um terreno fértil para o vetor da doença.
Como resultado dessas condições combinadas, o mosquito transmissor encontrou facilidade para se espalhar e infectar a população. Embora parte da população tenha adotado medidas individuais de proteção, a atuação coletiva e estruturada foi, muitas vezes, insuficiente para conter o avanço da epidemia.
Brasil quebra recordes e reforça urgência de ações
A epidemia de 2024 não se restringiu a Minas Gerais. Em todo o país, a situação foi crítica. A taxa de incidência nacional atingiu 3.221,7 casos por 100 mil habitantes, ultrapassando em mais de dez vezes o limite considerado epidêmico pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse número refletiu um crescimento superior a 400% em comparação com o ano anterior.
Entre os principais fatores apontados por especialistas, destaca-se a atuação do fenômeno El Niño, que alterou significativamente os padrões de clima e precipitação em diversas regiões do país. Além disso, a escassez de investimentos em saneamento básico e a baixa efetividade de campanhas educativas contribuíram para o agravamento do problema.
Ainda assim, é importante destacar que muitos municípios reagiram com a intensificação de ações emergenciais, como mutirões de limpeza e orientação porta a porta. No entanto, essas medidas, embora necessárias, chegaram tardiamente em algumas regiões e não foram suficientes para conter o avanço da doença de forma eficaz.
Perspectivas para 2025: sinais de melhora
Apesar do cenário desolador em 2024, o ano de 2025 começou com notícias mais animadoras. De acordo com dados preliminares do Ministério da Saúde, os dois primeiros meses do ano registraram uma queda de quase 70% no número de casos, em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram contabilizados aproximadamente 493 mil casos prováveis e 217 mortes confirmadas.
Essa redução pode ser atribuída a um conjunto de fatores relevantes. Em primeiro lugar, houve uma maior mobilização de campanhas de prevenção, com foco na eliminação de criadouros do mosquito. Além disso, o engajamento da população aumentou consideravelmente, impulsionado pelas experiências vividas no ano anterior. Outro avanço significativo foi o início da vacinação contra a dengue, com imunizantes específicos sendo disponibilizados em algumas regiões.
Ainda assim, os especialistas alertam que a queda nos números não deve levar à acomodação. O risco permanece elevado, especialmente em áreas onde o saneamento básico é deficiente e a vigilância epidemiológica é falha.
Prevenção contínua é essencial
Mesmo com os avanços recentes, a melhor forma de combater a dengue continua sendo a prevenção. O mosquito Aedes aegypti precisa de apenas pequenas quantidades de água parada para se reproduzir. Por isso, é essencial que cada cidadão assuma sua responsabilidade no controle do vetor.
Veja algumas ações eficazes que todos podem adotar:
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Tampar caixas d’água e reservatórios;
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Manter calhas limpas e livres de folhas;
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Evitar o acúmulo de lixo e entulhos em quintais;
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Colocar areia nos pratos de vasos de plantas;
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Usar repelentes e roupas de manga longa em áreas de risco.
Além disso, participar de ações comunitárias e acompanhar as orientações das autoridades de saúde contribui significativamente para reduzir a incidência da doença.
Dessa forma, enquanto os dados de 2025 apontam para uma melhora, a vigilância e a prevenção precisam continuar. A luta contra a dengue exige esforço conjunto, conscientização e ação permanente.