Gordura abdominal: o risco invisível para sua saúde

Nem toda gordura corporal tem o mesmo impacto no organismo. A gordura visceral, também conhecida como gordura abdominal, é um tipo específico de tecido adiposo que se acumula em volta de órgãos vitais, como fígado, intestinos e pâncreas. Ao contrário da gordura subcutânea, que se localiza logo abaixo da pele, a visceral é mais difícil de detectar e muito mais perigosa.

Muitas vezes, indivíduos com aparência magra acumulam níveis elevados de gordura visceral sem perceber. Portanto, não se trata apenas de estética, mas sim de um fator crítico para a saúde metabólica e cardiovascular.

Como a gordura visceral se forma e por que ela é tão perigosa

A formação da gordura visceral ocorre principalmente em razão de desequilíbrios entre ingestão calórica e gasto energético. Em outras palavras, quando a pessoa consome mais calorias do que utiliza, o corpo armazena o excesso como gordura. Embora isso ocorra em várias regiões do corpo, a área abdominal costuma ser a mais afetada, sobretudo em pessoas com alimentação rica em açúcares simples e ultraprocessados.

Além da dieta inadequada, outros fatores contribuem para o acúmulo dessa gordura:

  • Sedentarismo;

  • Estresse crônico;

  • Alterações hormonais (especialmente o aumento do cortisol);

  • Sono irregular;

  • Consumo excessivo de álcool.

A gordura visceral é considerada “metabolicamente ativa”. Isso significa que ela libera substâncias inflamatórias e hormônios que desequilibram o funcionamento do organismo. Por esse motivo, ela está associada a uma série de doenças crônicas, como:

  • Diabetes tipo 2;

  • Hipertensão arterial;

  • Dislipidemias (colesterol e triglicérides elevados);

  • Síndrome metabólica;

  • Doença hepática gordurosa não alcoólica;

  • Maior risco de infarto e AVC.

Portanto, mesmo que o excesso de peso não seja visível, ele pode estar provocando alterações internas perigosas.

Medir a circunferência abdominal é essencial

Uma maneira prática de estimar a gordura visceral é por meio da medição da circunferência abdominal. Embora exames como tomografia e ressonância sejam mais precisos, a fita métrica continua sendo um método acessível e eficiente.

De forma geral, considera-se que há risco aumentado quando a medida ultrapassa:

  • 88 cm para mulheres;

  • 102 cm para homens.

É importante observar que esses valores podem variar de acordo com características individuais e etnia, mas já servem como alerta. Além disso, a distribuição de gordura corporal costuma ser influenciada por fatores genéticos e hormonais, o que justifica a vigilância constante, mesmo entre pessoas com o peso “normal”.

Estratégias eficazes para reduzir a gordura abdominal

Felizmente, a gordura visceral pode ser reduzida com mudanças consistentes no estilo de vida. Embora a perda de peso seja parte da solução, o foco principal deve estar na qualidade da alimentação, na prática regular de atividade física e no controle do estresse.

  1. Alimentação equilibrada:
    Reduzir o consumo de açúcares simples, alimentos ultraprocessados, frituras e bebidas alcoólicas é essencial. Ao mesmo tempo, é importante priorizar vegetais, frutas, grãos integrais, proteínas magras e gorduras boas, como as presentes no azeite, abacate e oleaginosas.

  2. Atividade física:
    O exercício aeróbico (como caminhada, corrida ou bicicleta) é altamente eficaz na queima de gordura visceral. Ainda assim, incluir treinos de resistência, como musculação, contribui para o aumento da massa magra e melhora o metabolismo. O ideal é manter uma rotina de pelo menos 150 minutos de atividade moderada por semana.

  3. Sono e estresse:
    Dormir bem e aprender a lidar com o estresse também são atitudes fundamentais. Altos níveis de cortisol — o hormônio do estresse — favorecem o acúmulo de gordura abdominal. Técnicas como meditação, respiração profunda e momentos de lazer ajudam a reequilibrar o sistema hormonal.

  4. Acompanhamento profissional:
    Nutricionistas, educadores físicos e médicos podem montar um plano de ação individualizado. O acompanhamento aumenta as chances de sucesso e evita soluções milagrosas que, muitas vezes, trazem mais prejuízos do que benefícios.

Cuide do que não se vê

A gordura abdominal não é apenas uma questão estética. Seu impacto no corpo é silencioso, progressivo e altamente prejudicial. No entanto, com escolhas saudáveis e constância, é possível reduzir esse tipo de gordura e recuperar o equilíbrio metabólico.

Se você apresenta medidas elevadas de circunferência abdominal ou outros fatores de risco, procure orientação médica. A prevenção ainda é o caminho mais seguro e eficaz para uma vida longa e com qualidade.

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