A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é uma condição crônica que afeta mais de 30% da população brasileira adulta. Embora seja uma doença silenciosa, ela pode causar sérios danos ao coração, rins, cérebro e olhos quando não tratada corretamente. Por isso, compreender a hipertensão é essencial tanto para estudantes da área da saúde quanto para pacientes e cuidadores.
Contudo, este guia de estudos apresenta uma visão clara e atualizada sobre a hipertensão: o que ela é, como surge, quais os fatores de risco envolvidos, quais os sintomas (quando presentes), formas de prevenção e controle. Tudo com linguagem simples, objetiva e respaldada pela ciência.
O que é hipertensão e como ela se desenvolve?
A pressão arterial é a força que o sangue exerce contra as paredes das artérias enquanto circula pelo corpo. Essa força varia ao longo do dia e depende de diversos fatores, como atividade física, alimentação, emoções e saúde geral.
Porém, quando a pressão se mantém constantemente elevada, acima de 140/90 mmHg (ou 14 por 9), temos um quadro de hipertensão arterial. Essa elevação força o coração a trabalhar mais e prejudica o funcionamento dos vasos sanguíneos, que podem se tornar rígidos ou estreitos ao longo do tempo.
O surgimento da hipertensão pode ocorrer de duas formas:
1. Hipertensão primária (essencial)
É a forma mais comum e representa cerca de 90% dos casos. Portanto, seu aparecimento está associado a fatores genéticos e hábitos de vida pouco saudáveis. Ela se instala gradualmente e costuma não apresentar sintomas nas fases iniciais.
2. Hipertensão secundária
A pressão alta é consequência de outra doença ou condição, como problemas renais, distúrbios hormonais ou uso de medicamentos. Nesse caso, o tratamento eficaz da causa subjacente pode normalizar a pressão.
Com o passar do tempo, a pressão alta pode provocar lesões em órgãos vitais, sendo uma das principais responsáveis por infartos, AVCs, insuficiência renal e até demência vascular. Portanto, o diagnóstico precoce e o controle adequado são indispensáveis.
Fatores de risco, sintomas e complicações da pressão alta
Diversos fatores aumentam as chances de desenvolver hipertensão, e a maioria deles está relacionada ao estilo de vida moderno.
Fatores de risco mais relevantes:
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Idade avançada: o risco aumenta a partir dos 50 anos;
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Histórico familiar de hipertensão;
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Sobrepeso e obesidade;
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Sedentarismo;
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Excesso de sal na alimentação;
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Alimentação rica em gordura e pobre em frutas e vegetais;
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Consumo frequente de bebidas alcoólicas;
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Tabagismo;
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Estresse constante.
É importante destacar que a hipertensão, na maioria dos casos, não apresenta sintomas evidentes. Por isso, é chamada de “assassina silenciosa”. Portanto, quando os sintomas aparecem, geralmente indicam que a pressão está muito elevada ou que já existem lesões em órgãos-alvo.
Sinais que podem surgir:
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Dor de cabeça persistente;
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Tontura ou sensação de desmaio;
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Visão turva;
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Dor no peito;
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Falta de ar;
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Zumbido no ouvido;
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Sangramento nasal inesperado.
Caso esses sintomas ocorram com frequência, é fundamental procurar um médico para avaliação. Contudo, a hipertensão pode estar causando danos irreversíveis sem que a pessoa perceba.
Complicações mais frequentes:
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Acidente Vascular Cerebral (AVC): vasos do cérebro podem se romper ou entupir devido à pressão alta.
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Infarto do miocárdio: o coração se sobrecarrega e pode falhar.
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Insuficiência renal crônica: a pressão prejudica os vasos dos rins.
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Aneurismas: dilatações perigosas nas artérias.
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Perda de visão: a retina pode ser afetada por alterações na circulação ocular.
Por isso, medir a pressão com frequência é um hábito essencial — especialmente para pessoas com fatores de risco.
Estratégias para prevenção e controle da hipertensão arterial
Controlar a hipertensão exige disciplina, mudanças no estilo de vida e, em muitos casos, o uso contínuo de medicamentos. A boa notícia é que grande parte dos casos pode ser prevenida com medidas simples, mas eficazes.
1. Alimentação saudável
Uma dieta balanceada é uma das formas mais eficazes de evitar ou controlar a pressão alta. Veja algumas orientações práticas:
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Reduza o consumo de sal (no máximo 5g por dia);
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Evite alimentos industrializados, embutidos e enlatados;
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Inclua frutas, legumes, verduras e grãos integrais na rotina;
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Diminua o consumo de carne vermelha e alimentos ricos em gordura saturada;
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Prefira temperos naturais em vez de caldos prontos ou sazon.
A Dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) é frequentemente recomendada por especialistas, pois promove a redução da pressão arterial com foco em alimentos naturais e pouco sódio.
2. Atividade física regular
Exercitar-se pelo menos 150 minutos por semana (ou 30 minutos por dia, cinco vezes por semana) ajuda a:
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Reduzir a pressão arterial;
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Controlar o peso;
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Melhorar o humor e o sono;
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Fortalecer o coração e os vasos.
Caminhadas, ciclismo, natação e dança são boas opções. Mas é importante escolher uma atividade prazerosa, pois isso aumenta as chances de manter a prática no longo prazo.
3. Controle do estresse
O estresse diário, quando não gerenciado, pode contribuir para o aumento da pressão. Contudo, práticas como meditação, respiração profunda, alongamentos e momentos de lazer ajudam a equilibrar a mente e o corpo.
Além disso, dormir bem é essencial para o controle da pressão. A privação do sono afeta negativamente o sistema cardiovascular.
4. Abandono de hábitos prejudiciais
Parar de fumar e reduzir o consumo de álcool são atitudes fundamentais. O cigarro provoca o estreitamento das artérias, enquanto o álcool, em excesso, desregula os mecanismos que controlam a pressão.
5. Uso correto dos medicamentos
Quando o médico prescreve medicação para hipertensão, o uso deve ser contínuo, mesmo que os sintomas desapareçam. Interrupções sem orientação médica podem colocar a vida em risco.
Existem vários tipos de medicamentos anti-hipertensivos, e eles são ajustados conforme as necessidades de cada paciente. O acompanhamento com cardiologista e clínico geral deve ser regular.
Conhecimento é poder contra a hipertensão
Concluimos, que a hipertensão arterial é um problema de saúde pública que pode ser combatido com educação, prevenção e acompanhamento médico. Mudanças simples nos hábitos diários têm potencial para transformar a saúde cardiovascular e prevenir complicações graves.
Estudantes da área da saúde, pacientes diagnosticados ou pessoas com fatores de risco devem compreender que a pressão alta é controlável. Com responsabilidade, apoio e conhecimento, é possível levar uma vida ativa e saudável mesmo após o diagnóstico.
Monitore sua pressão, mantenha bons hábitos e esteja sempre atento ao seu corpo.