Por que a gripe aviária preocupa a saúde pública?

A gripe aviária, também chamada de influenza aviária, é uma infecção viral altamente contagiosa que afeta aves, mas que também pode atingir humanos. Embora a gripe comum e a gripe aviária compartilhem o termo “gripe”, são doenças com origens, formas de transmissão e consequências muito distintas.

A preocupação global com a gripe aviária não é recente. Desde os primeiros surtos documentados em aves migratórias e granjas comerciais, os cientistas observam de perto o comportamento dos vírus do tipo influenza A, especialmente os subtipos H5N1 e H7N9. Esses vírus demonstram potencial de adaptação ao organismo humano, o que acende alertas de possíveis pandemias.

Embora a transmissão entre pessoas ainda seja rara, casos humanos já ocorreram e, frequentemente, apresentaram gravidade significativa. Por isso, compreender essa doença, seus sintomas e formas de prevenção é essencial para a população em geral e, principalmente, para profissionais da saúde e trabalhadores do setor agropecuário.

O que difere a gripe aviária da gripe comum?

A gripe comum é uma infecção respiratória leve, provocada por vários tipos de vírus, como o influenza sazonal. Costuma afetar as vias respiratórias superiores e, na maioria dos casos, não apresenta grandes complicações. Em contrapartida, a gripe aviária é causada por cepas específicas do vírus influenza tipo A, que circulam predominantemente entre aves.

A diferença mais marcante entre as duas doenças está na gravidade. A gripe aviária, quando transmitida a humanos, tende a provocar quadros respiratórios agudos, com risco elevado de internação e óbito. A taxa de letalidade, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pode ultrapassar 50% nos casos confirmados de infecção humana pelo H5N1.

Além disso, o início dos sintomas também se diferencia. Enquanto a gripe comum apresenta evolução mais branda e previsível, a gripe aviária pode evoluir rapidamente para insuficiência respiratória e comprometimento de múltiplos órgãos.

Os sintomas da gripe aviária em humanos incluem:

  • Febre alta repentina;

  • Tosse seca;

  • Dor de garganta;

  • Dificuldade para respirar;

  • Dor no peito;

  • Diarreia;

  • Mal-estar generalizado;

  • Vômitos.

Por outro lado, a gripe comum raramente causa complicações fora do sistema respiratório superior, e a recuperação costuma ocorrer em poucos dias, especialmente em pessoas saudáveis.

Outro ponto de distinção importante é a forma de transmissão. A gripe comum se espalha facilmente entre pessoas por meio de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar. A gripe aviária, porém, é transmitida principalmente pelo contato direto com aves infectadas, vivas ou mortas, seus excrementos, secreções ou superfícies contaminadas.

Apesar de rara, a transmissão para humanos pode ocorrer em situações de alta exposição, como em feiras de aves vivas, abatedouros ou criadouros domésticos sem proteção sanitária adequada.

Riscos reais

A principal preocupação dos órgãos de saúde é a possibilidade de o vírus da gripe aviária sofrer mutações e se adaptar à transmissão eficiente entre humanos. Se isso acontecer, o mundo poderá enfrentar uma nova pandemia, com altos índices de mortalidade e impacto social e econômico significativos.

Atualmente, o controle da gripe aviária exige vigilância constante em aves silvestres e domésticas. Além disso, os governos investem em planos de contingência para detectar precocemente surtos em humanos e conter sua disseminação.

Outros riscos incluem:

  • Impacto na produção agrícola: surtos em aves levam ao abate sanitário de milhões de animais, causando prejuízos econômicos ao setor.

  • Ameaça à segurança alimentar: o descarte de aves afeta o abastecimento de carne e ovos, aumentando preços e insegurança alimentar.

  • Sobrecarga nos sistemas de saúde: em casos de transmissão humana, pode haver aumento na demanda por leitos, medicamentos antivirais e UTIs.

Por essas razões, a gripe aviária é classificada como uma zoonose de alta prioridade. Organismos internacionais como a OMS, a FAO e a OIE monitoram sua evolução constantemente, emitindo alertas e diretrizes para países afetados ou sob risco.

Prevenção

Prevenir a gripe aviária é uma responsabilidade compartilhada entre governos, produtores rurais, profissionais da saúde, médicos veterinários e a sociedade como um todo. Algumas medidas eficazes incluem:

Profissionais que lidam com aves:

  • Utilizar sempre equipamentos de proteção individual (EPIs) ao manipular aves, incluindo máscara, avental, luvas e óculos.

  • Evitar o contato com aves doentes ou mortas sem proteção.

  • Higienizar mãos, botas e roupas após contato com animais ou áreas de risco.

  • Isolar imediatamente qualquer ave com sinais suspeitos de infecção.

O público geral:

  • Não comprar aves vivas em locais clandestinos ou sem controle sanitário.

  • Cozinhar bem ovos e carnes de frango; o vírus é inativado em altas temperaturas.

  • Lavar as mãos frequentemente, especialmente após visitar áreas rurais.

  • Evitar o contato com fezes de aves em áreas públicas, como praças ou parques.

Os governos:

  • Monitorar constantemente áreas de risco e rotas migratórias de aves.

  • Ampliar campanhas de informação à população.

  • Estabelecer protocolos claros de contenção em caso de surtos.

  • Investir em pesquisa e produção de vacinas adaptadas às cepas em circulação.

Vale lembrar que, atualmente, não há vacina disponível para uso humano contra gripe aviária. Em surtos, os tratamentos incluem o uso de antivirais, como o oseltamivir, sempre sob orientação médica.

Informação é a melhor forma de prevenção

A gripe aviária é uma ameaça real, mas pode ser controlada com vigilância, informação e responsabilidade coletiva. Diferente da gripe comum, a infecção por influenza aviária em humanos é rara, porém grave, e exige atenção imediata.

Mesmo com todos os avanços da ciência, o risco de mutações do vírus reforça a importância de medidas preventivas contínuas. Pessoas que trabalham diretamente com aves devem redobrar os cuidados. Já o público em geral precisa estar atento às orientações sanitárias, principalmente em períodos de surto.

Adotar práticas seguras, evitar contatos desnecessários com animais e manter uma boa higiene são passos fundamentais. Ao mesmo tempo, a comunicação clara entre autoridades e a população contribui para uma resposta eficaz diante de possíveis emergências.

Por fim, é essencial combater desinformações. Muitas fake news sobre o consumo de carne de frango ou ovos geram pânico desnecessário. Com preparo adequado, esses alimentos são seguros e continuam sendo importantes fontes nutricionais.

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