Seu filho está com tosse e falta de ar? Pode ser bronquiolite!

Quando um bebê começa a tossir sem parar e demonstra dificuldade para respirar, o medo dos pais se intensifica. Afinal, sintomas respiratórios em crianças pequenas geram insegurança e exigem atenção rápida. Embora seja comum pensar em gripes e resfriados, um diagnóstico recorrente nos consultórios pediátricos é a bronquiolite — uma infecção viral que atinge principalmente crianças menores de dois anos.

Entendendo a bronquiolite

A bronquiolite é uma infecção dos bronquíolos — pequenas vias aéreas que levam o ar até os pulmões. Ocorre geralmente após um resfriado comum, mas progride com mais intensidade. Em vez de afetar apenas a garganta ou o nariz, o vírus chega até os pulmões, provocando inflamação e acúmulo de secreção nessas vias estreitas.

A principal causa da bronquiolite é o vírus sincicial respiratório (VSR). Embora outros vírus também possam desencadear o problema — como influenza, parainfluenza, adenovírus e metapneumovírus — o VSR é o mais frequente, especialmente nos meses de outono e inverno.

O motivo da preocupação é simples: em bebês, as vias respiratórias são muito finas. Qualquer edema (inchaço) ou excesso de muco já é suficiente para comprometer a entrada de ar. Como consequência, a criança passa a respirar mais rápido e com esforço, algo que pode gerar cansaço extremo e até insuficiência respiratória.

Além disso, os bebês ainda não desenvolveram completamente seu sistema imunológico. Isso os torna mais vulneráveis a infecções e complica o combate natural ao vírus. Prematuros, crianças com doenças cardíacas congênitas ou problemas pulmonares prévios fazem parte do grupo de risco e exigem vigilância ainda maior.

Sintomas que não devem ser ignorados

A bronquiolite geralmente começa como um resfriado comum. Nos primeiros dois ou três dias, os sintomas são leves e incluem coriza, tosse discreta e febre baixa. Contudo, à medida que o vírus se instala nos bronquíolos, os sintomas se intensificam. Nesse estágio, os pais devem observar com atenção:

  • Tosse intensa e frequente, muitas vezes seca ou com chiado no peito;

  • Respiração acelerada, com mais de 60 respirações por minuto;

  • Dificuldade para mamar ou comer, já que o bebê precisa parar frequentemente para respirar;

  • Retração das costelas, onde a pele entre as costelas se afunda ao respirar;

  • Movimento das narinas, que se alargam na tentativa de captar mais ar;

  • Chiado ou ronco pulmonar, ouvido ao encostar o ouvido no peito da criança;

  • Palidez ou coloração azulada nos lábios e unhas, sinal de que o oxigênio no sangue está baixo;

  • Irritabilidade ou sonolência excessiva, causadas pelo cansaço respiratório.

 

A evolução da bronquiolite é rápida. Em geral, o quadro atinge o pico de gravidade entre o terceiro e o quinto dia da infecção. Após esse período, a tendência é que os sintomas comecem a regredir. Ainda assim, o acompanhamento diário é essencial.

Se o bebê apresentar sinais de exaustão, recusar alimento ou parecer “murchinho”, é fundamental buscar atendimento médico. Mesmo que não seja necessário internar, a criança deve ser monitorada de perto.

Cuidados em casa e quando buscar ajuda médica

Felizmente, muitos casos de bronquiolite são leves e podem ser tratados em casa com medidas simples. Porém, é importante lembrar que mesmo os quadros leves exigem observação constante. O cuidado domiciliar se baseia principalmente no conforto, hidratação e higiene das vias aéreas.

Dicas para cuidar do seu bebê com bronquiolite:

  • Ofereça líquidos com frequência
    A hidratação ajuda a fluidificar o muco, facilitando a expectoração. Para bebês pequenos, o leite materno continua sendo a melhor fonte de hidratação e nutrição.

  • Higienize o nariz com soro fisiológico
    A limpeza nasal, especialmente antes das mamadas, melhora a respiração e a alimentação. Use soro fisiológico e um aspirador nasal com cuidado para não machucar.

  • Evite ambientes fechados e abafados
    Deixe o quarto bem ventilado, mas evite correntes de ar. Um umidificador pode ajudar se o ar estiver muito seco.

  • Mantenha o bebê em posição semi-sentada
    Inclinar levemente o berço ou apoiar o bebê em uma posição mais elevada pode ajudar na respiração, especialmente durante o sono.

  • Evite o contato com pessoas gripadas
    O isolamento é necessário para evitar que o quadro se agrave ou que novas infecções ocorram.

  • Nunca medique por conta própria
    Antibióticos não são eficazes contra vírus. Medicamentos para tosse, broncodilatadores e corticoides só devem ser usados com prescrição médica.

Se, apesar dos cuidados, a criança continuar piorando — por exemplo, se estiver respirando muito rápido, com esforço visível ou se recusar alimentos por horas — é essencial levá-la a um serviço de saúde. Casos moderados a graves podem precisar de oxigênio, hidratação venosa e monitoramento contínuo.

Prevenção

Embora não seja possível eliminar totalmente o risco, algumas atitudes reduzem bastante as chances de contágio. A prevenção é ainda mais importante em bebês com maior vulnerabilidade.

  • Lave as mãos com frequência, especialmente antes de tocar o bebê ou preparar os alimentos;

  • Evite aglomerações, principalmente em épocas de surto;

  • Mantenha a vacinação em dia, incluindo a vacina da gripe e a do COVID-19, que reduzem outras infecções respiratórias;

  • Amamente sempre que possível, pois o leite materno fortalece o sistema imunológico;

  • Evite o cigarro — a fumaça prejudica o sistema respiratório e aumenta a gravidade das infecções;

  • Consulte o pediatra sobre a profilaxia com palivizumabe, um anticorpo indicado para bebês do grupo de risco durante o período de maior circulação do VSR.

Ao adotar essas medidas, os pais ajudam a proteger não apenas o próprio filho, mas também outras crianças em contato com ele, especialmente em creches e escolas.

Cuidado e informação salvam vidas

A bronquiolite é um quadro comum na infância, mas isso não a torna menos importante. Para muitas famílias, a primeira crise respiratória do bebê é assustadora — e com razão. No entanto, com informação correta, cuidados diários e suporte médico adequado, a grande maioria das crianças se recupera sem maiores complicações.

Observar os sinais, agir com rapidez e garantir um ambiente acolhedor e saudável são atitudes que trazem segurança e conforto ao pequeno paciente. Não se trata de alarmismo, mas de responsabilidade. Portanto, ao primeiro sinal de alerta, não hesite em buscar orientação profissional.

Lembre-se: respirar é vital. E quando a respiração de um bebê fica difícil, cada minuto conta.

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